Nota da chapa “Para Transformar o Tédio em Melodia” sobre as eleições para o DCE 2010

Nossa chapa entrou na campanha para concorrer ao DCE da USP defendendo a democratização do movimento estudantil. É com esse espírito, e com o senso de responsabilidade perante o movimento, que divulgamos esta nota e analisamos o processo eleitoral para o DCE da USP, ocorrido na semana passada. 

Primeiramente, agradecemos aos 2500 estudantes da USP que depositaram nas urnas sua confiança na proposta de um movimento estudantil mais democrático, autônomo e crítico, e sabemos que a nós cabe agora a responsabilidade de fazer cumprir com essa expectativa. Também entendemos como resultado positivo o alto quórum da eleição, mais de 9 mil votantes, o que indica que já é possível construir um movimento mais amplo e participativo. Convidamos tod@s a participarem conosco da construção desse movimento e da luta por uma universidade mais democrática e referenciada socialmente. 

A vitória, porém, foi apertada, e alertamos a tod@s @s estudantes da USP em relação aos boatos difundidos com o intuito de deslegitimar o processo eleitoral e, no limite, alterar o resultado dessas eleições. Não compactuamos com práticas que buscam conquistar respaldo com mentiras e acusações de fraude que servem a interesses políticos dos grupos que acusam. Entendemos que as práticas espúrias que dominam a política nacional são reproduzidas em todos os âmbitos e têm tornado, ao longo dos anos, as disputas políticas cada vez mais desacreditadas e distantes das necessidades de tod@s. É em resposta a isso que vimos a público relatar o que presenciamos durante o processo eleitoral para o DCE neste ano, esclarecendo e desmentindo acusações infundadas e de motivações golpistas.

Sobre o processo eleitoral

O processo eleitoral deste ano, apesar dos casos isolados de problemas ou indícios de fraude, foi um dos mais tranqüilos dos últimos tempos, e bem menos problemático do que o do ano passado. Isso é resultado da organização e mobilização de centenas de estudantes, e também do Regimento Eleitoral em vigor neste ano. Nesse sentido, reconhecemos o processo como legítimo, e que de fato representou a vontade do coletivo estudantil.

Em relação aos dias de votação, nossa chapa, junto das chapas “Nada Será Como Antes”, “Todo Carnaval Tem Seu Fim” e “Reconquista”, acompanharam de perto durante os três dias a entrada e saída de urnas da central eleitoral do campus Butantã, e quem estava responsável por averiguar se as urnas estavam sendo entregues nas condições regulares era a atual gestão do DCE, “Nada Será Como Antes”.

Durante os três dias da eleição, os votos de duas urnas foram questionados por suspeita de irregularidades (a urna da FEA e a da Engenharia Civil, da Escola Politécnica), e durante o processo de apuração dos votos essas urnas foram tratadas em separado. Nas outras urnas e campi não houve casos suspeitos ou questionamentos, e por isso todas as demais urnas foram apuradas.

Sobre as urnas problemáticas

No primeiro dia de eleição, membros da chapa “Reconquista” levaram uma urna para abrir na FEA. Ao voltar para a central eleitoral, na sede do DCE, a urna foi guardada e, no dia seguinte, foi retirada novamente por membros da “Reconquista”. É importante lembrar que membros dessa chapa passaram a noite vigiando a sala da central eleitoral, sendo então muito improvável que alguém tenha entrado na sala durante esse período. A questão da violação do lacre desta urna foi levantada no dia seguinte pelos próprios membros da “Reconquista”, com a urna já na FEA. Estes membros, ao retornarem a central eleitoral, solicitaram a impugnação daquela urna, pois seu lacre estava violado, e reivindicaram uma urna reserva para dar prosseguimento à votação na FEA. 

De acordo com o artigo 16, parágrafo 2, do Regimento Eleitoral, “as urnas só poderão ser transportadas devidamente lacradas, sendo que o lacre deverá estar rubricado pelos mesários e fiscais que o efetuarem”; e segundo seu artigo 17, parágrafo 4, “o lacre das urnas, colocado pela Comissão Eleitoral não deverá em hipótese alguma ser retirado. A abertura das urnas nas unidades será feita perfurando-se o orifício da urna e, a cada fechamento, o orifício da urna deverá ser devidamente vedado pelos mesários presentes”. Entendendo que o lacre foi violado, desrespeitando o regimento eleitoral, defendemos que esta urna seja impugnada, independente do motivo da violação, uma vez que este não pode ser provado. 

Outro caso problemático foi com a urna da Engenharia Civil – Escola Politécnica, em que havia assinaturas falsas e, portanto, forte evidência de fraude. Os mesários chegaram a relatar em ata que estudantes da Civil não puderam votar por já constarem assinaturas junto a seus nomes na lista. Outro forte indício de fraude é o fato de diversas assinaturas dessa urna terem a mesma letra, indicando que apenas uma pessoa assinou e votou por essas outras. A urna da engenharia civil esteve sob cuidados da chapa “Reconquista”em todos os momentos em que ela foi aberta para votação dos estudantes.

Sobre as urnas de São Carlos

Devido a acusações difundidas por membros da chapa “Reconquista” quanto às urnas do campus de São Carlos, vimos também esclarecer os fatos. Todo o processo eleitoral no campus de São Carlos ocorreu de forma tranqüila e organizada, como de costume. Para acompanhar o processo, foi definida uma comissão eleitoral local, formada por membros das gestões atual e anterior do CAASO, bem como das gestões atual e anterior do Conselho Fiscal do CAASO. Todo o processo foi acompanhado de perto pelas chapas “Nada Será Como Antes” e “Para Transformar o Tédio em Melodia”, e um pouco mais distante pelas chapas “Todo Carnaval Tem Seu Fim” e “Reconquista”.

Ressaltamos que durante a apuração (que foi tocada pela atual gestão do DCE e pela Comissão Eleitoral, e acompanhada por membros de todas as chapas), nenhum problema foi constatado com nenhuma das três urnas de São Carlos (nem com as suas atas e nem com as urnas em si) e por isso todas elas foram apuradas. Em detalhes, o processo de apuração destas urnas se deu da maneira que segue.

As Atas da Central de São Carlos e as Atas de urnas foram lidas pela Comissão Eleitoral (várias chapas, incluindo a “Reconquista”, estavam presentes) e aprovadas. Não havia erros. As três urnas de São Carlos estavam juntas com todas as outras, no CALC (ECA), local onde se deu a apuração. Como em todas as urnas, ao verificar-se que o lacre estava intacto iniciou-se a contagem dos votos. Todos os votos foram apurados, mas a gestão do DCE se confundiu na anotação dos votos de uma das urnas de São Carlos, o que exigiu recontagem. Tanto na primeira contagem, quanto na recontagem o processo fora acompanhado por membros de pelo menos três chapas (Nada Será Como Antes, Transformar o Tédio em Melodia e a própria Reconquista) .

Nenhuma urna de São Carlos saiu do CALC, inclusive a urna recontada. Houve uma primeira recontagem e verificou-se que o número total de votos estava correto. Na hora de guardar os votos, os votos desta urna foram, por engano, depositados junto com os votos de outra urna de São Carlos, ou seja, foram guardados num mesmo envelope. Isso não foi alvo de preocupação, naquele momento dado que estes votos já haviam sido contados e recontados, e ninguém poderia imaginar que alguém, em sã consciência e de boa fé, pediria mais uma recontagem destes votos. Porém, a chapa “Reconquista” decidiu por ela mesma não só recontar os votos, como conferir todas as assinaturas em lista e as assinaturas de cada mesário. Conseqüentemente, teve-se que recontar duas e não apenas uma urna. Feita a recontagem pela terceira vez, verificou-se que o resultado conferia com a as duas outras vezes: o número de votos batia com a contagem e com a primeira recontagem, da mesma forma com que batiam o número de votos e o número de assinaturas na lista (ou seja, totalmente de acordo com o regimento). 

No entanto, a chapa “Reconquista” ainda está tentando criar a desconfiança no processo conduzido em São Carlos alegando que as assinaturas dos mesários nas cédulas não conferem com os mesários registrados em ata. Esta afirmação é completamente absurda, como é possível mapear os votos específicos de cada urna a medida que eles já tinha sido misturados? Assim, como é possível designar os mesários presentes no momento de assinatura de cada cédula? Não é possível. 

Além disso, a chapa “Reconquista” expressava ter a expectativa de obter até 250 votos em São Carlos, números divulgados por eles, mesmo antes do término do processo. Ao final da apuração, esta expectativa não se confirmou, o que frustou os membros da chapa “Reconquista”, fato que em nossa opinião tem levado tais indivíduos a questionarem, a qualquer custo, o processo legítimo de votação em São Carlos. 

Nossa posição e nosso compromisso

Por tudo isso, denunciamos a prática oportunista da chapa “Reconquista” de tentar confundir, difundir mentiras e fazer parecer que algumas urnas foram impugnadas e outras não por motivos políticos. Em nosso ponto de vista, a urna violada da FEA (que foi efetivamente impugnada e não contada) e a urna com fortes indícios de fraudes da Poli-Civil (apurada) deveriam ser impugnadas.

Nossa política de constante contato com o cotidiano dos estudantes nos dá o respaldo suficiente para afirmarmos que este, sim, é o motivo que nos levou à vitória, e que as acusações de fraude sobre esta chapa só se baseiam em objetivos oportunistas. Nenhum grupo que age de forma oportunista e irresponsável, utilizando-se de mentiras e visando, a todo custo, deslegitimar os fóruns e processos ligados ao movimento estudantil, tem condições de se colocar como paladino da ética. Muito pelo contrário: deve ser desmentido e denunciado.

Quanto a nós, que lutamos por uma universidade realmente pública e democrática, e por um movimento estudantil democrático e autônomo, não aceitaremos a reprodução desse tipo de prática.

Chapa “Para Transformar o Tédio em Melodia”

DCE-USP e SINTUSP absolvidos do processo judicial sobre ocupação da Reitoria de 2007! Vitória dos estudantes e funcionários!

Desde o início de 2008 o DCE Livre da USP e o SINTUSP estavam sendo acusados pela Reitoria de serem responsáveis pelos supostos prejuízos materiais causados durante os 51 dias de ocupação da Reitoria em 2007. A ocupação do prédio por estudantes e servidores foi um protesto contra Decretos assinados pelo Governador José Serra em janeiro de 2007, que feriam a autonomia financeira e didática da Universidade
 
Esses supostos prejuízos materiais alegados pela Reitoria somariam uma quantia de R$ 345.122,10. A cobrança judicial desse valor sobre DCE e SINTUSP poderia levar as entidades à falência financeira e a uma derrota política.
 
O DCE em 2008, sob organização da gestão Vez e Voz: o grito só não basta!, foi responsável pela elaboração da linha de defesa da entidade, sob comando da Defensoria Pública do Estado de São Paulo. A Defensoria, assim como a Universidade, possui autonomia em relação aos Governos, e apoiou nosso Diretório juridicamente. Alegamos que a responsabilidade do DCE em 2007 sobre o protesto político não pode se misturar com qualquer responsabilidade por atos individuais arbitrários que supostamente geraram os tais prejuízos. E contra estes, não há provas.
 
Infelizmente, ao longo do ano de 2009, nada se ouviu falar sobre a defesa do DCE contra o processo indenizatório da Reitoria. A gestão Nada Será Como Antes (2009) sequer contatou os advogados de defesa da entidade, cujos telefones e emails foram devidamente informados pela gestão anterior. Pior, a gestão de 2009 sequer compareceu à Audiência das Testemunhas de Defesa do DCE e nada sabia do conteúdo do processo. 
 
Neste final de ano, uma surpresa: a Reitoria foi derrotada pela Justiça. O DCE e o SINTUSP não foram responsabilizados pelos danos materiais alegados na ocupação da Reitoria de 2007. A Sentença alega que o pedido indenizatório da USP não procede. Um dos argumentos é que o protesto político e as supostas práticas de vandalismo são atos diferentes. E não há e nem pode haver provas de que as entidades, possivelmente responsáveis pelo protesto político, tenham incitado a ações de depredação do patrimônio. Ainda que tenham ocorrido, DCE e SINTUSP não são responsáveis.
 
A Reitoria ainda pode recorrer à justiça contra essa decisão. Acreditamos, porém, que a Reitoria deva aceitar a derrota judicial e aproveitar a oportunidade para por fim a esse processo político contra o movimento estudantil e sindical. Por hora, estamos provisoriamente vitoriosos contra a tentativa de desmoralização do movimento social em defesa da universidade!

Transformar o Tédio em Melodia
Gestão Eleita ao DCE Livre da USP 2010

Para transformar o tédio em melodia

Ganhar
não é garrafa de champanhe
estourada sem ninguém beber
não é fogo de artifício,
um grande show ou uma puta balada.

Vitória
não nos dá o direito
de nos acharmos melhores que os outros
apontar o dedo na cara, agredir ou violentar.

Mas é ver nos olhos
brilho de reconhecimento
Poder respirar tranquilamente
Saber que fizemos
O que soubemos fazer
O que pudemos fazer
E que por isso ganhamos.

Mas o que ganhamos
não é poder,
mas responsabilidade.

É compromisso com cada um,
com todos, com o movimento.

É só um passo da luta, uma nota da melodia.

Lira Alli

Declaração do CAASO

São Carlos, 30 de novembro de 2009.

Declaração do CAASO quanto as eleições do DCE

O CAASO (Centro Acadêmico Armando de Salles Oliveira) vem por meio desta manifestar-se a respeito dos boatos que surgiram quanto a integridade do processo eleitoral deste ano para o DCE da USP em São Carlos.

Tal processo foi organizado a partir da definição de uma comissão local composta pela diretoria, conselheiros fiscais e ex-diretores do CAASO. Essa comissão acompanhou todo processo, desde a abertura da central eleitoral e das urnas até o fechamento da central, estando presente em todas as mesas.

Sendo assim, garantimos a lisura de todo o processo no campus.

Repudiamos assim toda e qualquer acusação feita às eleições do DCE sem que haja provas concretas destas, tanto em São Carlos quanto em qualquer outro local.

Diego Renê Böhnke

Secretário Geral do CAASO

Para transformar o tédio em melodia

Cantemos.

Para não esquecer o passado

E as lutas de nosso povo

Tantas vezes silenciadas.

Cantemos.

Para animar a luta

Que em tempos sombrios

Às vezes pesa sobre nossos ombros.

Cantemos.

A solidariedade

Em nosso cotidiano

A camaradagem revolucionária.

Cantemos.

Para mandar a tristeza embora.

Para expulsar o medo

E conseguir respirar mais fundo.

Cantemos

As risadas

Que deixam nossos próprios erros

Mais leves e bonitos.

Cantemos.

Essa outra melodia

Que, sem astros ou verdades,

Só vai aumentando a roda.

Cantemos.

Cada um como quiser,

Desde que parta do peito

E não da boca para fora.

Cantemos.

Com as mãos dadas.

Para aprender a cantar todos juntos.

Lira Alli

Agradecimento

Nós, membros da chapa e futura gestão do DCE “Para Transformar o Tédio em Melodia”, agradecemos a todos estudantes que participaram das eleições deste ano para o Diretório Central dos Estudantes.
As eleições tiveram um quórum total de 9314 votantes.
Este alto quórum garante a legitimidade e lisura do processo.
Contamos com a participação de todas e todos para a construção de um DCE forte e atuante em todos os campi da USP.
Abaixo segue o resultado geral.

Numeros Finais das eleicões pro DCE da USP:
Para transformar o tédio em melodia – 2500
Reconquista – 2445
Nada será como antes – 1868
Todo carnaval tem seu fim – 1602
Poder estudantil – 390
Respeitável público – 172
Amanhã vai ser outro dia – 121
Oposição e luta – 49

Brancos – 41
Nulos – 126

Movimento Estudantil – Tiago Madeira (IME)

“Eu não tenho nada a ver com isso,
Nem sequer nasci em Niterói.
Não me chamo João
E não tenho não
Qualquer vocação pra ser herói.”

De repente eu entrei pra uma chapa do DCE. “Quê?” Isso mesmo. Entrei pra uma chapa que vai disputar o Diretório Central dos Estudantes da USP em 2010.

“Mas… por quê?”

Em 2007 eu estudava numa escola de Itajaí. Minha namorada da época e meu irmão entraram numa chapa pro grêmio estudantil. Vou fazer uma revelação bombástica: não votei neles.

O motivo é simples: não acreditava que o Salesiano precisasse de um grêmio estudantil, aquilo mais parecia uma eleição por popularidade e de fato a chapa que venceu não fez absolutamente nada. Na verdade, mais parecia uma história de Malhação (aquele programa da Rede Globo).

Como gostava do meu irmão e da minha namorada não queria isso pra eles (responsabilidades, pseudopopularidade, reuniões inúteis e a participação numa espécie de movimento estudantil sem razão de existir). Felizmente eles não venceram.

Mudei muito de lá pra cá e, embora continue tendo certeza que o Salesiano não precisa de um movimento estudantil, descobri que há lugares que precisam.

“Mas… problemas da USP? Não é a melhor universidade da América Latina?”

Há vários, mas eis alguns que me preocupam: bolsas baixíssimas, processo seletivo estúpido privilegia quem tem acesso a cursinhos (todos aqui devem saber que tenho sérios problemas com Fuvest e Ensino Médio), condições muito ruins de ensino em vários lugares, parcerias privadas (universidade trabalhando pra empresas e não pro conhecimento e pro país), além dos problemas específicos dos institutos.

Há um problema que sintetiza todos eles: falta de democracia. Em tudo. Desde o próprio DCE até o conselho universitário e a magnífica reitora. Maio desse ano nos mostrou isso e o segundo semestre talvez tenha sido pior.

Sofremos neste segundo semestre um processo que chamam erroneamente de eleição (eu chamo de escolha) do novo reitor da USP. O processo inteiro é ridículo, com pouquíssima participação da comunidade acadêmica (no segundo turno apenas 0,3% da USP participa, em maioria os professores titulares) e ainda há o estopim: o governador é que escolhe o reitor a partir de uma lista tríplice e neste ano José Serra fez algo que tinha sido feito pela última vez por Maluf em 1981 (plena ditadura): não escolheu o primeiro colocado. Ou seja, nem a escolha daqueles poucos professores titulares foi respeitada. O escolhido foi João Grandino Rodas, apontado como o cara da linha dura desde antes desse processo de escolha do novo reitor começar (esta foto é de junho).

Um pequeno grupo de estudantes não tem como mudar alguma coisa dentro da universidade (alguém me apresenta algum resultado positivo da greve desse ano?). Democratizar o movimento estudantil pra democratizar a universidade: esse é o lema.

“Mas… você?”

A epígrafe desse post é de autoria do poeta Vinícius de Moraes e aqui há uma explicação do motivo de eu citá-la.

A Universidade de São Paulo vive um momento difícil, como expliquei anteriormente, e isso me força a agir; não só por mim, mas por todos e principalmente pela ideia de universidade que eu acredito. Numa reunião da chapa eu disse a todos os presentes (e repito aqui) que eu prefiro muito estudar matemática a participar de uma assembleia geral dos estudantes (que, sim, são eventos chatos e entediantes), porém acho que nesse momento eu preciso participar. Democratizar o movimento estudantil só é possível se gente “normal” participar (e isso é um convite pra você participar também).

“Mas… movimento estudantil é solução? Não é coisa de hippies e comunistas?”

Quem me conhece sabe que gosto de resolver problemas de matemática e quero usar isso pra melhorar o mundo, não a política. De fato o movimento estudantil é cheio de política e de partidos (eu nem entendo direito isso, mas de vez em quando descubro que estou dialogando com duas pessoas de grupos políticos diferentes que não se gostam muito), porém tem muita gente boa e é nelas que eu aposto nesse momento, já que não tenho ideia melhor.

Não mudei tanto assim. Não tenho ambições políticas, não me filiei nem me filiarei a um partido político, não sou hippie nem comunista. Porém, comunistas não comem criancinhas (pelo contrário, possuem ideias fantásticas) e conversar com eles tem sido um grande prazer para mim.

Entrei numa chapa do DCE justamente pra tentar quebrar esse preconceito de “movimento estudantil é lugar de hippies e nós, que estudamos, passamos o dia no IME sem se aproximar da FFLCH”.

Eu estou tentando ser um contra-exemplo. Sou um acadêmico e, por ser acadêmico, não existo sem universidade. Por isso faço questão de defender a universidade em que eu acredito. Não se engane, nem seja preconceituoso: nesse movimento tem muita gente boa.

“Mas… por que a chapa Para transformar o tédio em melodia?”

Conheci esse pessoal (grande parte do curso de Ciências Sociais da FFLCH) numa passeata de milhares por democracia na USP do MASP até o Largo São Francisco. Vestiam amarelo e seu protesto era bem-humorado e cheio de canções. Me interessei pela camiseta amarela e na semana seguinte fui a uma reunião deles no prédio de Ciências Sociais pra conhecê-los melhor.

Desde o início me trataram muito bem, deixaram eu falar e deixaram claro que o seu objetivo era um movimento estudantil com a participação de todos. Esse diálogo aberto me motivou a conversar mais com eles.

Eu e o Francisco (da matemática pura do IME) conversamos com eles de vez em quando desde lá e de uma de nossas reuniões lembro de uma fala interessante de uma garota: “Eu queria que todos participassem da assembleia geral. Que votassem todos a favor da PM no campus, mas que participassem. Não me importaria se minha ideia não fosse a da maioria da USP e aceitaria a ideia deles, mas gostaria que eles participassem.”

Foi esse pensamento que me levou a participar da chapa, essa abertura. A USP vive problemas e há nessa chapa pessoas dispostas a discutir com todos e mudar a cara do movimento estudantil pra um movimento que realmente representa os estudantes.

Realmente não sei se vai dar certo, mas acho divertido correr o risco de errar e acho que vai ser uma grande experiência.

“E agora?”

Como disse, não nasci pra ser político e por isso não tenho necessidade de mentir pra conseguir votos (acho até um pouco burro, já que ser eleito pro DCE vai apenas me dar trabalho e já estou cheio de coisas pra fazer). De fato não sei se a minha chapa é a melhor nem sei se daqui a um ano não estarei pensando outra coisa. Porém, acredito nessas pessoas que a compõem e [talvez eu esteja sendo ingenuamente manipulado, mas] acredito que podemos construir um movimento melhor e que isso é importante pra USP.

Então o que quero pedir é: se você é uspiano, vote. Leia os outros manifestos e decida a que achar que melhor representa você. Dê importância pro movimento estudantil da USP e acredite que ele pode ser melhor. Participe mais. Se minha chapa ganhar essa votação, cobre a sua participação no processo. O DCE serve para os estudantes participarem, dividirem seus problemas e buscarem soluções juntos como uma forte entidade e não estudantes sozinhos. O DCE tem obrigação de representar você.

Nada seria melhor pra acabar o post do que citar, d’Os Saltimbancos, Todos Juntos:

“Uma gata o que é que tem?
As unhas.
E a galinha o que é que tem?
O bico.
Dito assim parece até ridículo um bichinho se assanhar.
E o jumento o que é que tem?
As patas.
E o cachorro o que é que tem?
Os dentes.
Ponha tudo junto e de repente vamos ver no que é que dá.
Junte um bico com dez unhas,
Quatro patas, trinta dentes
E o valente dos valentes ainda vai te respeitar.
Todos juntos somos fortes,
Somos flecha e somos arco.
Todos nós no mesmo barco,
Não há nada pra temer.”

Essa utopia serve pro IME, pra USP, pra esse estado e pra esse país (estou otimista hoje).

Carta programa, propostas e apoiadores

Veja aqui nossa carta programa, em formato PDF

Conheça aqui nossas propostas e nossos apoiadores.

***ERRATA:  O estudante de jornalismo Luiz Prado não apóia esta chapa.